The Terminator 752
O título acima remete ao filme O
Exterminador do Futuro, de 1984,
um clássico de ficção cientifica: no
futuro, máquinas se rebelam para
exterminar os humanos.
Eis que, ao apagar das luzes do período
legislativo 2016 do Congresso,
surge um novo Terminator do
Patrimônio Ferroviário, a Medida
Provisória 752 que estabelece diretrizes
para prorrogação e relicitação
dos Contratos de Concessão.
Até ai tudo bem, não fossem os critérios
esdrúxulos para conceder essa
bonificação, que absolve as Concessionárias
ferroviárias (rodoviárias e
aeroportuárias também), que não
honraram alguns compromissos assumidos
quando arrendaram a malha
da RFFSA em 1996, livrando-as de
quaisquer questionamentos e multas
pelo que não fizeram. Como então
ficam, por exemplo, os 28 mil km
arrendados que deveriam estar em
perfeitas condições de uso? Hoje
restam apenas, segundo o Ministério
Público Federal, 12 mil km em
operação efetiva.
Como se não bastasse, ainda querem
livrar-se de outros trechos, devolvendo
mais alguns milhares de km
antieconômicos, ficando apenas o
filé mignon, que corresponde a 5 ou
6 corredores de exportação. O resto
das necessidades do País não tem a
menor importância. Que se danem
os ramais e pequenos trechos onde
poderiam estar operando Trens Turísticos,
Regionais, ou short lines de
cargas (muito comum nos EUA,
Canadá e Europa), mas não os entregam
para ninguém operar.
Para piorar, a MP ainda vai permitir
que vendam linhas, imóveis e todo
material rodante que não lhes interessa,
ficando com o valor apurado
para investimentos na própria
malha. É inacreditável.
Segundo André Tenuta, da ONG
Trem/BH, “as justificativas da MP
são um amontoado de mentiras e
foram convocadas diversas frases
de efeito como destravar investimentos,
geração de empregos,
melhoria nos serviços e outras”.
A MP parece uma versão blindada,
sob encomenda, para atingir os mesmos
objetivos da nefasta Resolução
4.131/2013 da ANTT, que graças à
inúmeros alertas do Povo dos Trilhos
ao MPF e TCU, terminou por
ser revogada pela própria Agência,
pois havia um nauseante odor de ilegalidade
no bojo da 4131. Não satisfeitos
com a derrota, os useiros da
malha ferroviária buscaram a alforria
um nível acima, no caso, uma
MP com força de lei.
Mas, para que não pairem dúvidas
de que o chororô é só do Povo dos
Trilhos, a ABCR-Associação Brasileira
de Concessionárias de Rodovias,
avalia que a 752 não trará viabilidade
ou soluções para os investimentos
em cerca de 5 mil km de rodovias
federais para os contratos
assinados a partir de 2013. Querem
mais?
As operadoras privadas de aeroportos
também entendem que a 752 não
resolve seus problemas, querem mudar
a versão enviada pelo Palácio do
Planalto ao Congresso Nacional e já
levaram sua insatisfação ao Ministro
dos Transportes.
Mas, nada é tão ruim que não possa
piorar. Parlamentares apresentaram
mais de 90 emendas aditivas e supressivas
a favor e contra à MP 752.
A mais absurda é a emenda número
42, de autoria do Dep. Julio Lopes
(PP/RJ), cujo texto permite que “as
concessionárias do serviço público
de transporte ferroviário de carga
ficam autorizadas a realizarem o
desfazimento dos bens móveis ferroviários
inservíveis de propriedade
do DNIT, arrendados ou não, localizados
na faixa de domínio da ferrovia
que lhes foi concedida”.
A FAEF-Federação das Associações
de Engenheiros Ferroviários, que
congrega 12 Associações Ferroviá-
rias Nacionais, dentre as quais a
AENFER, Associação de Engenheiros
Ferroviários, e a AEEFL, Ass.
de Eng. da Estrada de Ferro Leopoldina,
enviaram à Presidente do STF,
Ministra Cármen Lúcia, um arrazoado
de dez páginas apontando vícios
na 752 e solicitando que a MP seja
sobrestada e revista para evitar mais
danos ao Patrimônio Ferroviário.
Na nossa opinião, a 752 é por si só
uma aberração e emendar ou revisar,
vai ampliar a confusão, a bagunça e
o desastre. Tem que ser rejeitada in
totum, imediatamente, para que o
pouco que resta do valioso Patrimô-
nio ferroviário brasileiro, não seja
exterminado. Oremos, pois!
Mesmo assim, exterminar a 752 (ao
invés dos trens) não é garantia de
que os ativos ferroviários estarão a
salvo. Voltando ao filme, The
Terminator, a certa altura o robô diz
para um policial: - I’ll be back!
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É assim que as coisas funcionam por aqui. O criminoso é premiado e o dinheiro para esse prêmio é pago pela população. Sem esquecer que, os bandidos fazem as leis para beneficiar o criminoso. Ontem e hoje, a cúpula se reuniu para eleger os novos chefes da quadrilha.
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